quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mr. Jones, síndrome bipolar e neuroquímica


“Mr. Jones” com o Richard Gere. Pra quem não conhece, a história é sobre um homem que sofre da síndrome bipolar--basicamente o cara vai do êxtase à depressão com o estalar de dedos. Quando está “high”, ele é eufórico, hiper-ativo, alegre e incrivelmente cheio de vida. Isso não significa que ele está no paraíso, no entanto. Ataques de fúria, comportamentos altamente excêntricos e uma megalomania exagerada fazem a interação com o mundo “normal” extremamente problemática. Por outro lado, os problemas reais iniciam com a depressão. Como a maioria dos maníaco-depressivos, a depressão é debilitante, profundamente dolorosa e potencialmente suicida. A psiquiatra Kay Redfield Jamison escreveu um fantástico livro sobre a síndrome maníaco-depressiva (bipolar) chamado “Uma Mente Inquieta”. O livro é sobre as experiências da autora, ela própria vítima da síndrome. Outro livro interessante é “Tristeza Maligna” de Lewis Wolpert, que possui um capítulo dedicado a essa doença, além de ser uma excelente fonte sobre depressão em geral.

Mas voltando ao filme. Além da atuação impecável do Richard, o filme levantou algumas questões interessantes sobre identidade e como os diferentes estados de ânimo que enfrentamos são determinados por desequilíbrios químicos do cérebro. Até que ponto somos determinados pela nossa neuroquímica? Se tomássemos uma pílula que modificasse os nossos estados de ânimo completamente, deixaríamos de ser nós mesmos? O personagem do filme confronta sua psiquiatra diversas vezes no filme, afirmando que ele não é doente. A "doença" é parte de quem ele é. Você concorda com isso? Claro que poderíamos dizer que na medida em que não consegue interagir com o resto das pessoas, ele pode ser considerado doente. Mas suponha por um momento que pudéssemos "desligar" todos os aspectos negativos da doença, e ficar apenas com o "êxtase". Ele ainda estaria doente? E o que dizer de artistas, o exemplo clássico de pessoas altamente sensíveis emocionalmente? Acho que o conceito de identidade é muito escorregadio, e na medida em que pudermos alterar os nossos cérebros mais radicalmente, ele terá que ser repensado totalmente.

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